Entrevista com Thierry Colot D.O

Em entrevista para o Instituto Brasileiro de Osteopatia (IBO), Thierry Colot, professor do Sutherland College of Osteopathic Medicine (SCOM), na Bélgica, da Universidade de Ciências da Saúde do Porto, em Portugal, e diretor da I’Union Professionnelle de Médicine Osteopathique (UPMO), falou um pouco sobre a trajetória de sua carreira no ramo da Osteopatia. 

Com mais de 42 anos de prática clínica, o mestre em pacientes com dores agudas, que estará ministrando cursos no IBO em março de 2020, esclareceu seu ponto de vista sobre a hiperalgia. Confira a entrevista: 

1) O que te levou a se tornar especialista em tratamentos de casos agudos?

Eu me apaixonei e me especializei na abordagem das patologias crônicas de coluna porque o ensino da osteopatia propõe apenas pequenas soluções frente a estas situações. Desde o início da minha carreira, me confrontei com numerosas decepções frente a estes pacientes quando eu tentava reproduzir os modelos propostos pela osteopatia; eles são ineficazes e não adaptados à situação. É um trabalho que tem 42 anos de prática clínica e de ensinamento, assim como, de pesquisa.  

2) Na sua opinião, por que as patologias discais são as mais frequentes?

As patologias discais são muito frequentes, e isto, desde a idade muito jovem. As razões são múltiplas e a fragilidade congênita do disco é frequente. Em compensação, um bom número de patologias discais permanece e permanecerão assintomáticas. São os diferentes fatores do meio ambiente e pessoais que são suscetíveis de fazê-la mexer, na fase inflamatória. É neste momento que nós temos o nosso lugar terapêutico.  

3) Por que você acredita que a osteopatia é a melhor forma de cuidar de pacientes hiperálgicos?

Eu nunca disse que a osteopatia é o melhor meio de tratar os hiperálgicos… Em compensação, a segurança da metodologia do agudo que eu proponho, a faz particularmente interessante. A maior parte das outras abordagens terapêuticas químicas não estão desprovidas dos efeitos secundários tóxicos, talvez severos… 

4) Quem são suas referências no campo da osteopatia?

Eu sou clínico na prática privada a Namur, Bélgica, há 42 anos. Eu ensino há 35 anos, tanto na formação de base em osteopatia como na formação de pós-graduação. Meu percurso é relativamente diversificado, tanto pelas especializações que eu segui, pesquisas nas quais eu colaborei, como na minha participação do ensino universitário, como colaborador científico na Universidade Livre de Buxelas (Bélgica) e como professor especialista na Universidade CESPU, do Porto, em Portugal. Eu igualmente participei de maneira ativa na defesa profissional na Bélgica, como vice-presidente da Sociedade Belga de Osteopatia durante 18 anos, como cofundador e administrador da União Profissional da Medicina Osteopática reagrupando médicos e não médicos. Eu, atualmente, parei minhas atividades administrativas por razões de falta de disponibilidade.  

Eu igualmente escrevi em colaboração com meu colega e amigo Marc Verheyen o “manual prático das manipulações osteopáticas” que serviu de referência a um bom número de ensinamentos no quadro da aprendizagem das manipulações estruturais e miotensivas,  

Eu sou codiretor do “Colégio Sutherland de Medicina Osteopática” há muitos anos e eu asseguro a coordenação do ensino e lá exerço também como professor.  

5) Na sua opinião, a osteopatia já é uma tendência ou ainda está no caminho? Como e qual será o futuro do tratamento de acordo com sua visão?

A osteopatia progride para todo prático que aceita progredir. O futuro da osteopatia está na aproximação com o mundo médico e na pesquisa, a fim de definir claramente seu lugar e sua utilidade. A formação dos osteopatas deve ser idealmente de nível universitário e deve ser desvinculada das divagações pseudocientíficas e dos dogmas sobre os quais um bom número de cursos se apoiam.  

6) Por que você defende a osteopatia em consultórios exclusivos na Bélgica?

Não se faz bem a não ser que se pratique no cotidiano, sem se dar a possibilidade de recorrer às outras abordagens terapêuticas por facilidade ou por desconhecimento da sua própria profissão.  

7) Qual é a sua relação com o IBO e como você se sente quando vem lecionar no Brasil?

Minha relação com o IBO é muito calorosa e muito profissional. Lá, eu tenho contato com pessoas das quais eu participei da formação e que eu acompanhei em seus percursos como prático e como professor,

Eles passaram a ser amigos no qual o sentido do acolhimento e do respeito pelos mais velhos é particularmente excepcional. Eu agradeço-lhes.  

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