-->
O ensino e a prática da Osteopatia estão novamente em evidência. Como pioneiros do ensino da especialidade no Brasil, apresentamos, com orgulho, o Instituto Brasileiro de Osteopatia. Hoje, há duas concorrentes em relação à prática da Osteopatia:
Só o título de Osteopata DO MRO (Osteopata, Diplomado em Osteopatia, Membro do Registro dos Osteopatas) garante a seriedade de formação e de prática. É diferente do chamado DO (diploma em Osteopatia), com reconhecimento relacionado apenas ao órgão emissor.
A maior parte das técnicas apresentadas pelo IBO provém da mais pura tradição osteopática. Foram reunidas por A.T. Still (fundador da Osteopatia) e criadas pelas gerações de osteopatas americanos que o seguiram. São listadas como tal, no Year Book da American Academy of Osteopathy.
Estamos particularmente orgulhosos de assinalar que pelo menos três dessas novas técnicas foram criadas por professores do nosso instituto (Faculdade Internacional de Osteopatia).
A Osteopatia nasce no meio oeste americano pelas mãos do médico Andrew Taylor Still. Filho de pastor metodista e médico itinerante, Still cria uma terapêutica manual de tratamento e diagnóstico, baseada na anatomia, que se contrapõe às terapias até então amplamente utilizadas pelos médicos ortodoxos e tradicionais, com o emprego de sangrias e calomelanos.²
A busca por uma terapêutica mais confiável e eficaz, no entanto, não se traduz num esforço de Still somente. A Osteopatia surge num período em que a medicina americana pretende maior projeção e reconhecimento.
Still inicia a sua carreira como médico num aprendizado direto com o pai, fato perfeitamente aceitável neste período da história da medicina do país. Durante muitos anos ele utiliza as práticas ortodoxas, até que a morte de três de seus filhos e de sua primeira esposa, durante um surto de meningite, em 1864, o leva a repensar a eficácia do tratamento médico usual.
Segundo Still, “Deus sabe que eu acreditava que eles (os médicos) fizeram o que pensaram ser o melhor. Eles não negligenciaram jamais seus pacientes e lhes deram os medicamentos, juntando de novo, mudando, esperando atingir aquilo que poderia desfazer o inimigo; mas foi pura perda.”³
A incapacidade de salvar seus entes queridos pela medicina ortodoxa o convence da ineficácia de drogas como via terapêutica. A este fato se alia a sua experiência como médico militar na Guerra de Secessão. O largo emprego de medicamentos à base de opiáceos e álcool, assim como o grande número de mortes em decorrência de ferimentos mal tratados, acirram a sua descrença. O quadro ainda fica pior quando se constata que, após a guerra, aumenta em muito o número de viciados entre os jovens ex-combatentes. Still culpa o sistema de ensino americano pelo grave problema social que se instaura.
Ancorado na sua crença religiosa de que Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, Still busca durante anos uma nova visão médica do organismo e, consequentemente, da cura. Segundo ele, em 22 de junho de 1874, tem um insight el encontra as respostas para os seus anseios.
Através de longos anos de dissecção, ele contemplou a possibilidade de que todas as estruturas musculares, nervosas, ósseas, articulares, conjuntivas e vasculares contivessem em si a resposta para autorregulação do organismo. Cria uma visão mecanicista do ser humano, segundo a qual a estrutura do corpo governaria a função. O retorno à saúde, portanto, seria uma decorrência da remoção das restrições impostas por entraves anatômicos que bloqueariam a plena mobilidade do organismo. A saúde podia ser vista como a liberdade do movimento corporal.
Mas Still não via o homem somente como uma máquina, defendia que o ser humano seria uma unidade tripla, composta de um corpo material, um ser espiritual e a mente. Tanto a totalidade deste ser, como sua individualidade, deveriam ser levados em conta ao tratarmos alguém.
Still funda sua primeira escola em 1892, em Kirksville, Missouri, e consegue que a Osteopatia seja aceita como profissão em 1897.
Sua nova terapêutica gera um grande número de adeptos, entre eles William Garner Sutherland, que funda a Osteopatia no campo craniano. Segundo ele, seu estudo seria parte de um conhecimento maior, a Osteopatia. Começa seus estudos nessa área ainda como aluno, em 1899, mas só apresenta formalmente sua interpretação de tratamento craniano em 1940, num encontro da Sociedade Internacional dos Técnicos Sacroilíacos.⁴
Outra figura, entre muitas que se destacam, é John Martin Littlejohn. Médico escocês, que, devido a um tratamento bem-sucedido de problemas cervicais e de garganta com Andrew Taylor Still em 1897, torna-se adepto da Osteopatia. Estuda e leciona em Kirksville durante algum tempo; mas, devido a diversos desentendimentos, rompe com Still. Anos mais tarde retorna à Europa e, em 1917, cria a British School of Osteopathy (BSO), primeira escola de Osteopatia europeia, celeiro de onde se difunde o ensino da Osteopatia pelo continente.⁵
A chegada dos ensinamentos da Osteopatia ao Brasil acontece pelas mãos de Bernard Quef, osteopata francês que, em 1986, administra os cursos que darão início à formação dos primeiros osteopatas brasileiros.