Entrevista com Valéria Ferreira DO MSc Ost PGCAP do REINO UNIDO

Em entrevista para o Instituto Brasileiro de Osteopatia (IBO), Valéria Ferreira, associada da Academia de Ensino Superior (HEA) e professora na UCO, conduzindo o módulo de Osteopatia Visceral do 4º ano, falou um pouco sobre a trajetória da sua carreira na área da saúde e na Osteopatia. 

Valéria oferece vários cursos de CPD em integração Osteopática no Reino Unido, Europa e Brasil, explorando a aplicação das abordagens e técnicas estruturais, fasciais, viscerais e cranianas. Ela é uma osteopata entusiasta e empenhada em praticar uma prática de muito sucesso na cidade de Londres, onde trabalhou durante os últimos 25 anos e na SE London (privado e NHS).  

Com muitos anos de prática clínica, a professora estará ministrando o curso INTEGRAÇÃO OSTEOPÁTICA – O TÓRAX, em julho, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Se você deseja obter mais informações sobre o curso, basta clicar no link da turma que você deseja participar: 

Porto Alegre: https://bit.ly/3OEwsEH

Rio de janeiro: https://bit.ly/3OzVXaf

Confira a entrevista na íntegra: 

1) Nos conte sobre sua história com a Osteopatia. Por que você escolheu essa carreira? 

Meu contato inicial com a Osteopatia aconteceu em 1989, após uma lesão no trabalho. Afinal, considerei o treinamento osteopático e, em 1995, ingressei no College of Osteopaths’ Educational Trust (COET) no Reino Unido.  

Depois de concluir o diploma de osteopatia em 2000, procurei incansavelmente um estilo de trabalho afim, ingressando em outros cursos de aperfeiçoamento profissional liderados por Jean-Pierre Barral, Eyal Lederman, Laurie Hartman, Caroline Stone, Frank Willard, Renzo Molinari, Robert Schleip e outros. Finalmente, a procura por um curso levou-me a inscrever-me num mestrado na ESO (Escola Europeia de Osteopatia, em Maidstone).  

Em 2007, surgiu a oportunidade de ingressar na BSO (agora UCO – University College of Osteopathy). A possibilidade de ingressar numa escola tão grande foi inicialmente aterrorizante, mas esse sentimento foi desaparecendo aos poucos com o acolhimento que senti pela grande família da osteopatia. Nos últimos 15 anos na UCO, mudei progressivamente de trabalho, de aulas clínicas para ministrar habilidades osteopáticas práticas, passando nove anos ensinando técnicas aos alunos do último ano. Também concluí a pós-graduação em prática acadêmica (PGCAP) e me tornei líder do módulo visceral. Essas oportunidades me permitiram florescer como professora, tornando-me mais versátil e envolvente como osteopata e palestrante.   

Em 2013, comecei a ministrar oficinas internacionalmente. Aos poucos, conscientizei-me de que a integração osteopática e o desenvolvimento das habilidades motoras e palpação dos alunos ao longo de sua formação eram áreas do meu interesse. A intensa agenda de ensino e a agitada vida familiar me conscientizaram da necessidade de priorizar meu bem-estar físico e, em 2018, decidi me matricular em um treinamento de professores de ioga de dois anos inspirado em Scaravelli, em Londres.   

O curso terminou em março de 2020, pouco antes do primeiro lockdown em Londres. A prática regular de ioga, pranayama e meditação têm sido imensamente benéficas e vitais para o meu trabalho com os pacientes. Agora com 63 anos, sinto-me mais saudável e com a mente mais clara.  

2) Quem são suas referências na área da Osteopatia? 

Tive muitos grandes professores que foram meus pontos de referência durante o período inicial de aprendizado osteopático. Sou grata por ter tido a chance de ser influenciada por esses osteopatas e palestrantes inspiradores. Hoje, vejo esses encontros como parte de um processo dinâmico resultante do fluxo natural de desenvolvimento profissional e autodesenvolvimento.   

A educação osteopática está em constante evolução, e mudanças marcantes podem gerar questionamentos e levar a um processo de “busca interna”. Hoje em dia, estou mais interessada nos diferentes conceitos científicos e osteopaticos de saúde. Estar academicamente incorporada e fazer parte de uma organização educacional líder como a UCO me tornou mais curiosa e atraída pela criticidade quando reviso crenças e declarações. Isto me ajuda a oferecer, sempre que possível, material de informação fundamentado aos alunos sem ignorar aspectos desconhecidos ou inusitados. 

3) Você acha as disfunções no tórax muito recorrentes? Se sim, por quê? 

Hoje em dia, possivelmente mais do que nunca, é possível encontrar vários problemas torácicos decorrentes de infecções pela Covid. Os desafios respiratórios impostos pela Covid afetam estruturas torácicas importantes. Como osteopata, é possível sentir as mudanças nos tecidos torácicos e na função diafragmática.   

É comum encontrar tecidos torácicos sem elasticidade natural em diversas camadas, além da redução na capacidade torácica. Estas apresentações são fatores que contribuem para a fadiga relatada pelos pacientes pós-Covid.  

4) Por que você acredita que a Osteopatia é o melhor caminho para tratar as disfunções no tórax? 

Infelizmente, não posso tecer comentários sobre outras modalidades de tratamento do tórax. Ainda assim, como osteopata interessada na função torácica, posso confirmar que podemos abordar com eficácia muitos problemas torácicos.   

Nossa compreensão anatômica e fisiológica, aliada à nossa apreciação holística das estruturas do corpo, sem perder de vista o paciente como pessoa, nos colocam em uma posição diferenciada.   

Na osteopatia, procuramos as melhores possibilidades e formas de melhorar a adaptação, trabalhando sempre em prol da saúde. Por esses motivos, geralmente obtemos resultados excelentes e positivos.  

5) Na sua opinião, a osteopatia é uma tendência ou ainda está a caminho? Como e qual será o futuro do tratamento de acordo com a sua visão? 

Embora a Osteopatia exista desde o século XIX, ela ainda está se desenvolvendo em todo o mundo, e acredito que veio para ficar. Os osteopatas aproveitaram a chance de demonstrar sua capacidade e compromisso com a saúde pública durante a pandemia, e os membros do público ficaram gratos por nossa contribuição prática.   

Na minha opinião, o futuro do tratamento será mais centrado no paciente e menos verticalizado ou unidirecional. Segundo o Dalai Lama: “Quando você fala, está repetindo o que já sabe, mas se ouvir, pode aprender algo novo”. Esperamos que os pacientes sejam encorajados a expressar como desejam ser ajudados e se envolvam mais em suas escolhas e processos de tratamento.   

A pesquisa será fundamental para manter a relevância da Osteopatia no século XXI. Porém, temos um grande desafio à nossa frente. Infelizmente, muitos de nossos tratamentos práticos ainda não foram pesquisados clinicamente, deixando espaço para críticas por parte de muitos céticos.   

Para gerar mãos e mentes osteopáticas sensíveis e inteligentes, precisamos nutrir nossas habilidades manuais e nosso ser psicológico e emocional. Os osteopatas se beneficiarão da autoindagação psicológica, emocional e do desenvolvimento espiritual, para que possam colaborar para lidar com os desafios crescentes de nossos tempos dentro de nossa profissão e comunidades.  

6) Qual é a sua relação com o IBO e como você se sente quando vem dar aulas no Brasil? 

Conheci alguns dos professores do IBO há alguns anos, antes de iniciar meu envolvimento com a conferência ICOR no Brasil em 2014. Desde o início, respeitei e apoiei a posição do IBO em relação ao reconhecimento e regulamentação da profissão de osteopata no Brasil. Tenho muito respeito por todos os envolvidos com a correta representação da osteopatia no Brasil e internacionalmente, e acredito que o IBO faz exatamente isso.   

Sou muito grata ao IBO por facilitar a oportunidade de ensinar no Brasil. É uma honra voltar ao meu país natal e interagir com meus colegas brasileiros.   

Se sua meta é aprofundar os seus estudos na ciência osteopática, não perca a oportunidade de aprender com um dos maiores mestres da Osteopatia. Nos dias 8 a 10 de julho, em Porto Alegre, e 15 a 17 de julho, no Rio de Janeiro. Clique no link da turma que você deseja participar: 

Porto Alegre: https://bit.ly/3OEwsEH

Rio de janeiro: https://bit.ly/3OzVXaf

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