Entrevista com o professor Massimo Lombardozzi D.O Italia – MROBr

Em entrevista para o Instituto Brasileiro de Osteopatia (IBO), Massimo Lombardozzi, professor formado em Osteopatia pela E.O.P. de Roma e atual Membro ativo do ROI (Registro degli Osteopati d’Italia) e do RBrO (Registro Brasileiro dos Osteopatas), e da cédula profissional de Osteopata pelo Ministério da Saúde de Portugal, falou um pouco sobre sua trajetória no campo Osteopático.  

Massimo Lombardozzi, especialista no Método das Colunas de Pressão desenvolvido por G. Finet e C. Williame , estará ministrando o curso Internacional “BIODINÂMICA VISCERO-DIAFRAGMÁTICA Método das Colunas de Pressão de Finet & Williame” no IBO de Porto Alegre em Julho de 2022. Para mais informações sobre o curso, acesse: https://bit.ly/3OogD5u

Confira a entrevista realizada com o professor Massimo Lombardozzi a respeito da sua trajetória na Osteopatia:  

1) Conte-nos um pouco sobre sua história com a Osteopatia. Por que você a escolheu?  

Na época era formado em educação física, trabalhava como personal trainer e queria ter uma visão muito mais abrangente do corpo humano, do conceito que aprendi na faculdade. 

Foi quando formei em ciências da motricidade e depois iniciei a estudar osteopatia.   

2) Quem são suas referências no campo da Osteopatia?  

Em primeiro lugar meu mestre, Alain Bernard, o primeiro a trazer a osteopatia na Itália em 1980, ele formou no John Wernham College of Classical Osteopathy, foi aluno direto do John Wernham. Ele que me introduziu à osteopatia clássica, depois Finet e Williame completaram o percurso, dando aos conceitos da osteopatia clássica, uma visão cientificamente embasada e um fio condutor, que é o conceito das pressões Sintra cavitarias como “trait d’union” do corpo humano. Com eles finalmente tive aquela visão de globalidade osteopática que andei procurando durante a minha formação, mas que nenhuma abordagem até então estudada, conseguiu me oferecer  

3) Quais são as disfunções mais comuns que afetam a Mobilidade Visceral e o Diafragma? Como a Osteopatia pode ajudar?  

A disfunção mais comum que afeta o diafragma é a que os médicos que estudam o ‘visceral slide”, (termo que eles usam para indicar a mobilidade visceral), chamam de “cranial shift”, ou seja o deslocamento cranial que o diafragma faz por efeito do aumento da pressão intra abdominal.  

Esta posição alta que o diafragma assume, que Finet e Williame chamam de diafragma expiratório, tem sido observada em diversas pesquisas feitas por profissionais de áreas diferentes: fisioterapeutas, cirurgiões, médicos de medicina interna, gastroenterologistas. Ela está associada a uma restrição da mobilidade visceral, pois as vísceras tendem a se acomodar junto com o diafragma em posição alta, e se acompanha a outros transtornos que dependem do aumento da pressão intra abdominal.  

A osteopatia pode trabalhar estas alterações, normalizando as disfunções osteopáticas que podem estar à base deste aumento da pressão abdominal. Uma destas, só para citar um exemplo, é a disfunção sacroilíaca, que todavia deve ser observada e tratada num contexto biomecânico correto, ou seja, de acordo com os vetores de forças que a produzem, nem sempre a abordagem clássica ao tratamento sacroilíaco, consegue corrigir esta disfunção da forma certa.   

4) Você acha que a Osteopatia é a melhor alternativa para atenuar as disfunções nessas áreas?  

Acho que a Osteopatia seja um recurso importante para trabalhar os aspetos mecânicos que podem estar à base destas disfunções e que, muitas vezes, são sub estimados. Só para dar uma ideia de quanto um aumento da pressão abdominal pode afetar a função digestiva, é suficiente pensar que o aumento da PIA pode provocar disbiose intestinal, transmigração bacteriana através das membranas inter celulares, alteração na funcionalidade de órgãos intra e extra abdominais, só para citar algumas. É claro que, quando o transtorno tem uma origem diferente, são outros fatores que devem ser tratados, todavia a alteração na mobilidade visceral pode agravar estes fatores ou em alguns casos, pode ser ela mesma a desencadeá-los. 

5) Na sua opinião, a Osteopatia já é uma tendência ou ainda está no caminho? Como e qual será o futuro do tratamento de acordo com sua visão?  

Acho que a osteopatia está a cada vez mais consolidada e isto se deve a um fato que é incontrovertível: os pacientes ficam bem quando são tratados com a osteopatia. A osteopatia é uma disciplina que tem uma porcentagem de aprovação altíssima entre os pacientes com uma baixíssima taxa de eventos adversos, a maioria deles muito leves. Os casos de danos graves a pacientes são de um a cada milhão de tratamentos, se compararmos isto com os erros ou os eventos adversos de outras terapias convencionais que tratam as mesmas patologias, a osteopatia é largamente mais segura e sua eficácia é boa, no âmbito das disfunções que ela trata.  

O verdadeiro perigo da osteopatia é, ainda, o fato dela não ser uma disciplina reconhecida com um percurso formativo unívoco. Por isto corremos sempre o risco que, dentro dos muitos bons profissionais, haja algum que se vende por osteopata, mas que não fez a formação necessária para ser um. E quando um destes comete algum erro, a osteopatia inteira é prejudicada, mesmo se o profissional não é um osteopata.  

Pelo que se refere ao futuro da osteopatia, eu desejo e espero numa osteopatia mais cientificamente embasada, que de um lado possa comprovar suas teorias através de pesquisas clínicas de qualidade e, do outro lado, consiga se livrar de um fardo de alguns modelos empíricos que nem sempre funcionam e que acabam segurando o avanço científico, quando são interpretados de forma rígida por tradicionalismo, ao invés de ser submetidos à prova, como qualquer ciência deveria fazer. 

6) Qual é sua relação com a IBO e como você se sente quando vem ensinar no Brasil?  

Com o IBO existe uma colaboração consolidada, que iniciou com a vinda de Finet e Williame no Brasil em 2011 e depois continuou quando me tornei formador oficial do método deles na América Latina. Em 2014 consegui a inscrição no RBO, através da validação do meu currículo e iniciei a dar cursos com o IBO, como professor convidado, em 2016. Atualmente o curso que ministro de Biodinâmica Viscero Diafragmática, Método das Colunas de Pressão, é considerado uma formação que IBO reconhece aos seus estudantes para aquisição de créditos curriculares. Este ano teremos duas turmas, uma em Porto alegre, no final de julho e metade de agosto e outra no Rio de Janeiro, em dezembro. Em ambas, os alunos do IBO que irão participar, terão créditos formativos reconhecidos pela escola, no curso em Osteopatia. 

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